Você já ouviu a voz de Deus? Talvez você responda sim, ou não...
Você já ouviu Deus cochichar em seu ouvido? Talvez você pense: “Claro que sim” ou “Isso é loucura, Deus não cochicha com ninguém”.
Existem momentos em que é muito difícil ouvir a voz de Deus, seja ela forte ou apenas um sussurro... Mas ele sempre está lá, mesmo que em silêncio, nos assistindo em nossa dor...
Estar em depressão é de repente se descobrir sozinho num mundo cheio de pessoas. É se sentir desamparado, mesmo que hajam muitas pessoas cuidando de você. É descobrir que você não quer mais estar em lugares em que normalmente você estaria. Tudo fica estranho ao seu redor. As pessoas se tornam estranhas para você...
O seu trabalho diário se torna oneroso e difícil... mesmo que você esteja acostumado a fazê-lo diariamente por anos a fio. Seu corpo parece que já não atende mais os comandos de seu cérebro, até porque seu cérebro parece tão cansado que passa a ser comandado por seu corpo.
O desejo de deitar e dormir por horas (ou quem sabe dias) acompanha você o tempo todo,
e isso na melhor das hipóteses... Porque na pior delas o desejo é outro, mais sombrio... É o desejo de não mais viver. A diferença entre as duas opções é muito pouca (aos olhos humanos) porque dormir é não viver sobriamente o momento.
O choro vem nos momentos mais inesperados e pelos motivos menos condizentes. Na verdade não é preciso se ter um motivo para chorar, porque a própria vida se tornou um fardo doloroso...
Este é um dos “Vales da Sombra da Morte”...
Nestes momentos, a ajuda de um médico e de um psicoterapeuta são importantes, mas acredito que não substituam a ajuda de Deus.
Penso em Elias (I Reis 19), indo para o Monte Horebe (ou Sinai se preferir), o monte de Deus, fugindo mais uma vez de Jezabel, cansado, exausto, ferido pelo longo tempo passado em esconderijos. Ele se deita ao pé de uma árvore, pede para si a morte e dorme o sono depressivo dos mortais.
É acordado por um anjo, que lhe dá alimento e torna a dormir aquele sono depressivo. Novamente o anjo o acorda e lhe oferece uma nova refeição. Aquela refeição foi suficiente para que Elias andasse quarenta dias e quarenta noites, mas não foi o bastante para lhe tirar do “Vale das sombras” que o acompanhava.
No monte, Elias entra em uma caverna para passar a noite, onde o Senhor vai ao seu encontro.
No encontro com Deus, este lhe pergunta: “O que você faz aqui, Elias?”
Elias responde num lamento, como se não tivesse ouvido a pergunta: “Senhor, queimaram os teus altares, mataram os teus profetas e só eu fiquei vivo e querem tirar minha vida”.
Então Deus diz a Elias: “Saia da caverna e fique diante de mim, no monte”.
Elias então viu um vento forte que quebrou as rochas e rachou os morros, viu um terremoto, e viu um fogo, mas Deus não estava em nenhuma dessas manifestações poderosas.
Elias cobriu o rosto ao ouvir um sussurro suave, e colocou-se na entrada da caverna onde Deus novamente lhe pergunta: “O que você está fazendo aqui, Elias?”
Elias dá a mesma resposta, como se quisesse mostrar a Deus , o CONHECEDOR DE TODAS AS COISAS, a dor daquele momento e dizer: “Estou sozinho, Senhor”.
E o Senhor, QUE CURA TODAS AS FERIDAS, responde: “Você não está sozinho. Existem 7000 como você, que ainda me buscam”.
Reconheço que no Vale das Sombras é difícil chegar à presença de Deus, mesmo que a gente saiba que ele está ali, ao nosso lado ou mesmo que estamos em seus braços, e não percebemos.
Reconheço que no Vale das Sombras precisamos de “anjos” que nos alimentem com aquela comida que vai nos fortalecer para “chegarmos” ou “enxergarmos” a presença de Deus.
Reconheço que no Vale das Sombras o Senhor pode não se manifestar de uma maneira “poderosamente visível”, mas talvez em apenas num “cochichar” aos ouvidos.
Nesse “cochicho” baixinho Deus mostra que além de mim ou de você, leitor, existem tantos outros que podem estar feridos pelo caminho, mas que ele está cuidando com o mesmo carinho com que cuida mim e de você.
É esse “cochicho” carinhoso e poderoso que faz toda a diferença.
“Ele cura os que têm o coração partido e trata dos seus ferimentos”. Salmos 147:3
Senhor, vem cochichar comigo...
Adelaine
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